domingo, 10 de março de 2013

O Grande Mal

Quando andava pelo jardim, vi uma luz que que me fizera parar,
Se não fosse dia confundiria com o próprio sol.
Corri de peito aberto em sua direção, sem medo,
nunca tinha visto, sentido, nem ao menos imaginado algo tão brilhante.
A medida que me aproximava, o brilho aumentava, o calor me invadia como se eu tocasse a vida com as próprias mãos.
Eu ardia de tal forma que eu queria mais, eu queria a luz em mim, queria arder, me consumir!
Nisso sentia as coisas se perdendo, nada importava, já não me lembrava de quem eu fora antes. Como se toda minha vida tivesse sido uma espera e agora sim, eu estava vivo!
E o calor maravilhosamente me queimava por  dentro de modo a me fazer rir abertamente.
Mas como se a luz desse por minha presença, senti que a luz se dissociava de mim, eu não era a luz, a luz não estava em mim.... e percebi que apesar  da proximidade, uma distancia infinita nos separava.
Olhei ao meu redor, e o que vi me fizera despencar. O jardim de outrora se mostrava agora com a luz, de uma desolação fúnebre. Flores secas, troncos retorcidos cravados num terreno negro e podre. Como um vento que batesse em minha face, pude sentir o cheiro frio e metálico da escuridão que me rondava.
Procurei entender como. Como a luz bela e imponente que vi pode ser de tal forma traidora, rasgando sem pena o quadro tão cuidadosamente por mim pintado.
Eu agora esquecido de quem era, despido de tudo que tive (?) até então,tendo todo meu Eu consumido por aquela luz, já não sabia onde ir.
Quando incinerei tudo daquela forma o que me sobrou foi o próprio fogo, a própria luz.
Mas da mesma forma que a luz era tudo o que eu tinha pra sentir. Eu não era nada que ela quisesse queimar.
A luz se foi, mais  a lembrança do que ela me revelou, do lugar  que me mostrou, ainda está na minha cabeça... e mesmo agora encolhido no escuro posso sentir cada sentimento morto espalhado pelo chão.