sábado, 28 de setembro de 2013

A Dança das Cadeiras

Hoje enquanto limpava a casa, percebi que não havia descido as cadeiras desde a última última limpeza. Há três delas na minha cozinha, uma perdi na mudança e só me dei conta, quase um mês depois.
Analisei e decidi: não descerei mais as cadeiras. Sei, pode parecer drástica, mas garanto ser bem fundamentada tal medida.
Nessa casa, moro sozinho e até onde sei, possuo apenas um traseiro. Portanto, não irei me desgastar nesse sobe e desce, não mais repetirei esse cotidiano ritual de invocação.
A decepção tem sido constância em minha vida. Falta de sorte ou excesso de esperança? Na dúvida, não vou mais esperar, nem desesperar. Se acaso pareço desesperado, é engano. Concerto e me assumo, des-esperante.
Não esperar, não vou tomarei meu chá com vista para espaços vazios e não terei mais objetos que me atrapalhem andar. Na minha vida só cabe o que me é útil.
Se por ventura, um dia eu acorde e decida por mim e comigo mesmo, sentar nas tais cadeiras, o farei. Uma de cada vez, duas a duas, as três simultaneamente! Na minha casa sou eu quem decide, afinal tudo sempre foi uma questão de "mim" , eu é que teimosamente insistia nesse "nós", como se de alguma forma eu pudesse atar com nós " você" à esse meu sempre solitário "eu".
Na mesa da cozinha havia quatro cadeiras, eu comia sozinho. Perdi uma e ainda sim, comia só. Hoje possuo três cadeiras toscamente empilhadas no canto ao lado da pia, pois hoje eu como só, e sobre a cama.

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