A brisa
marinha tocou meu rosto fazendo sentir as lagrimas que dele escorriam. A areia
fina sob meus pés ficava cada vez mais úmida e fria à medida que eu caminhava,
como numa procissão solitária, até o mar.
Uma pequena
onda se quebrou em meus pés me fazendo estremecer e apertar com força os lábios
numa ultima tentativa de cessar o pranto. Levantei a cabeça, numa atitude que
só possuem os de coração aceso, e fitei o horizonte que pela distorção que as
lagrimas lhe atribuíam, parecia mais uma representação surreal do sexo entre a
Noite sem luar e o Mar noturno.
Por mais
silenciosa que estivesse a noite, em meu peito ecoava o som de cada sentimento
seu, cada dor sofrida que você esconde no fundo do oceano por não poder
senti-la. Mas a mim, filho do Sol e da Terra, foi confiada a missão de te trazer
à tona, de volta pra si. Você, que como o mar crepuscular, não é sombrio, mas
deixa ver muito pouco o que há no fundo.
Aceitando com
a resignação o destino escolhido e imutável, mergulhei. Misturei minhas lagrimas
à água do mar. Nadei para o fundo, onde o frio e a escuridão existente apagam a
luz e as alegrias que trazemos da superfície.
Que seja
sacrificado o corpo que habito e o coração que o abriga, mas que não se apague
no peito a pequena chama que me guia até você, para que possa usa-la iluminando
o caminho de volta e que eu chegue rápido, que eu chegue enquanto seu coração
palpita.
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