Morreu a esperança. Tudo é ilusão.
O sangue que escorre de minhas mãos, é da pomba branca, portadora do maldito ramo de oliveira.
Sim pois ela é animal, e como tudo nessa planeta animalizado, ela morre!
Criança ingênua de coração aberto, eu alimentava com as mãos aquele pequeno animal que hoje jaz sobre o solo úmido de sangue.
Esperança é bicho, é arisca e difícil de apanhar. Ela voa!
A pomba branca de outrora se fez besta monstruosa, ave negra de pele escamosa que voa pelo céu chuvoso rachado de raios tremeluzentes, trazendo no bico um ramo de espinheiro com a nota de que tudo morrerá, que nada vale a pena, pois tudo já está morto.
É tolo aquele que pensar que por a possuir poderá também voar, pois ela não pertence a ninguém, muito menos a esse mundo, é nativa de terras distantes de onde a baniram.
A esperança não tem cria muito menos sentimento maternal, come na sua mão e quando satisfeita bate as asas arranhando com as patas a mão caridosa. Ela te fere e deixa dor como forma de gratidão.
Não há quem possa, e muito poucos que queiram aniquilar tal fera. Mas não há ser vivente do qual ela não tenha se alimentado. Ela que é força solitária, a sombra negra que vem de longe, as asas escuras que levam seus sonhos.
Maldito seja o dia em que eclodiu a alva Caixa de Pandora, de onde saiu a esperança mascarando sua vilania sob a inocência travestida do branco celeste e malditos são todos os que fizeram dela projeção de futuro ou de amor vindouro, pois dela não emana nada que não seja doloroso, escuro e ruim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário