Não sou.
Sou seu ser de profundezas abissais... não sobreviveria nas águas rasas que são esses seus sentimentos
vivo onde não há! Apenas não há.
Pois haver seria insuficiente... lá se é! Desde o mínimo ser que possa então ser de fato.
Lá ele é.
Não existe amenidade que viva nesse território de sentimentos descomunais que apesar da grandiosidade correm de forma desordenada em direção a corações fracos e despreparados...
Cada pedaço de sentimento desce como uma rocha negra naquele solo encharcado por água de igual
escuridão, de forma a causar aquele estrondo mudo que ecoa nos apodrecidos corações que ali habitam.
Muito acima, em águas menos profundas estive impregnado de uma luz ligeiramente colorida, assim como são ligeiramente vivos os seres que lá vivem
Leviandades... Frívolos sentimentos que eu vi! Nem mesmo sua descartabilidade é verdadeira pois eles com suas formas padronizadas atormentam e se aglutinam em tudo que tocam, contaminam, multiplicam-se!
Como me causa ódio! Não me atreveria chama-lo assim se não fosse um ódio verdadeiro!
Me enojam tais seres que vivem nessas águas onde julgam haver limpidez... o que tal limpidez mostraria se não existem nada mais significante que uma leve transparência de cores quase imperceptíveis brotando desses... ah.. corações! Atrofiados, inutilizados reduzidos a uma estúpida maquina provedora desse fluido insosso de que se forma os sentimentos que eles usam para mostrar o quão fúteis e degradados se tornaram.
Onde vivo é de uma intensidade violentamente invasiva, onde não se esconde, não se finge, não se parece, não há nada:
Exclamação, descomunhão, exaltação, destruição, deformação, putrefação, mutilação, convulsão, dilaceração!
O sentimento que sai abre com suas múltiplas patas o peito, rasgando a pele seca e pálida que o abrigava, dilacerando o corpo trêmulo do sofredor que se vai.
Que seja podre a carne que carrego, que seja fétido o meu andar, que seja destrutiva minha presença e que eu exploda em sentimentos sempre que sentir.
Pois se sinto é porque eu sou... e se sou é para que eu sinta!
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